Covardia
Vestiria de sol minhas luas
e ninguém me saberia noite.
Aos meus passos badalados,
como o carrilhão da sala,
acrescentava notas de um cello.
Quem não me abriria cortinas
para desfilar a majestade?
Salpicaria o chão à volta
de particulares estrelas miúdas.
Abandonaria os olhos na envergadura
das asas de um condor.
À rouquidão dos versos inacabados
Pontuaria com silêncios intermináveis.
Quem não me brindaria a ausência?
Eu, chama fugaz,
minuto pausado,
inteira volta do ponteiro
noite adormecida.
Eu, utopia destra da covardia,
acendo a escuridão
para morar na solidão.