Covardia

Vestiria de sol minhas luas

e ninguém me saberia noite.

Aos meus passos badalados,

como o carrilhão da sala,

acrescentava notas de um cello.

Quem não me abriria cortinas

para desfilar a majestade?

Salpicaria o chão à volta

de particulares estrelas miúdas.

Abandonaria os olhos na envergadura

das asas de um condor.

À rouquidão dos versos inacabados

Pontuaria com silêncios intermináveis.

Quem não me brindaria a ausência?

Eu, chama fugaz,

minuto pausado,

inteira volta do ponteiro

noite adormecida.

Eu, utopia destra da covardia,

acendo a escuridão

para morar na solidão.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 05/08/2006
Código do texto: T209721
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