A Casa abandonada XXVII Nós por cá todos bem

Agora vou ver o mar

“Alma gentil que te partistes…”

Pra além mar, no exercício da sinceridade,

Vou ver o mar,

Outra vez,

Ousar a viagem , viver o sol a levantar

Vai navio, com a tua coragem, regarei de pétalas,

A esteira que deixas. Que será para nós,

Um dia o caminho para ti.

Odin, velará por ti no Valhalla, como um guerreiro

Em combate, é também por onde vão os inocentes

Agora nesta lua.

Deixa-me ver-te no mar,

Na maré cheia de lírios, quando verde

Se fizer e novo,

Deixa-me sonhar contigo, nos meus braços,

Serei este pastor hebraico que só conhece o Shalom.

Violentamente se faz tarde, o Velho vento,

Acaricia-me a cama,

Onde já me deito,

A tua irmã não chora

E eu velarei por ela.

Deixa-me a meia, um bocado da tua lágrima,

Serei navegador outra vez,

Cruzarei o mar ensinando a língua do espranto do Verbo.

Começarei outra vez, a última, prometo,

Ainda não te disse que te disse tudo,

Os recados ficarão na vela,

Que zelarei.

O grumete lava o tombadilho, pago a preceito,

Verei sempre o Banco que mais lucrará contigo,

E rezarei, para que percam o Mercedes na imobiliária.

Estão a reconstruir o jardim outra vez, a presidente da câmara

Continua a não acertar em nada.

Nós por cá todos bem.

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 06/08/2006
Código do texto: T210251