desigual

leio poesias em meio canções de fados

entre livros vôo distante da realidade

plena na umidade de algumas lágrimas

vivo assim débil em poesia...

leio textos e deliro palavras

olhar de projeções esféricas irisadas

sou traça alucinada

minha morada não é mais a mesma:

tem paredes de largas pautas

linhas em firmes madeiras

donde escrevo todo o pejo

os detalhes não são mais os mesmos:

os cantos da casa estão repletos

das palavras que esperam

ao passo que este respirar embaça

letra que ofega no vitral da sala

os olhos estão diluídos em lágrimas

de saudade e os lábios num abismo de silêncio

leio poesias e a noite engole a solidão

num único verso: absorto