FAR-ELOS
Farelos,
desmantêlos,
elos...
Farelos, não quero.
Migalhas, inimigas falhas...
inimigalhas que espalhas pelo chão...
cato eu não!
Não cato, não!
Faz elos
sem mantê-los.
E atropela-os
sem receios
ao tocar com lábios,
seios esquecidos nas palmas das mãos.
Faz elos
e desmantela-os
esmigalha-os,
esfarela-os
degusta-os como parte essencial do coração.
Farelos desbotados, amarelos...
Migalhas que espalhas pelos elos,
Elos que se apertam, se atritam e se quebram
com gosto velho de dormido pão.
Que pena que deixastes a melhor parte à parte!...
Que pena que fragmentastes a consciência,
perturbastes a sanidade,
acordastes a solidão!
E eu, ainda deitando com o teu beijo,
sinto o cheiro do desejo que não me pertence,
que não me abraça, que não me atende.
Sinto o gosto do teu jeito,
que não me compreende,
e do teu desejo suado, disperso...
farelos espalhados pelos elos que se estendem.
D.V.
02/2010
Copyright © 2010 Dulce Valverde
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