Canção de ser humilde
Pensando na humildade foi que fiz esta canção
Entoada e ritmada com o olhar dos pobres dias
Despretensiosa de resplendores e holofotes
feito estrela bem distante e bem risonha
Daquelas que se tem que forçar vista pra ver brilhar...
Eu fiz esta canção para a singeleza da terra molhada
E o perfume que exala do abraço da tarde com a manhã
no chão que nada cobra para trazer mensagens da chuva
Como quem se entrega ao dominante desígnio das águas
Nas entranhas o ciclo da vida em continuação...
Eu fiz esta canção ao sofrido homem
Ao seu tímido e imprevisto olhar rumo à plantação
Às suas mãos tais qual adobe pelo tempo corroído
Como quem nos dá, com sua miséria, o próprio pão
Nobre, ostentando alegria ao alimento ver brotar...
Eu fiz esta canção da natureza para o tão frágil homem
Pelo orgulho e vaidade se deixa facilmente violentar
Arrogante, a embebedar-se do poder e putrefatas vitórias
Ele não vê distante e tímida estrela nem o cheiro da terra
Não vê o homem pobre a lhe prover da força das mãos...
Pensando na humildade foi que fiz esta canção,
protagonizada pelo belo não tão fácil de se enxergar
Mitigado nas instâncias pequeninas, jamais exaltado...
Entoada e ritmada nos momentos hodiernos, utopia
Roga que alguém a perceba, ouça, aprenda um pouco,
solfeje e interprete a canção de ser humilde, ser feliz!