Canção de ser humilde

Pensando na humildade foi que fiz esta canção

Entoada e ritmada com o olhar dos pobres dias

Despretensiosa de resplendores e holofotes

feito estrela bem distante e bem risonha

Daquelas que se tem que forçar vista pra ver brilhar...

Eu fiz esta canção para a singeleza da terra molhada

E o perfume que exala do abraço da tarde com a manhã

no chão que nada cobra para trazer mensagens da chuva

Como quem se entrega ao dominante desígnio das águas

Nas entranhas o ciclo da vida em continuação...

Eu fiz esta canção ao sofrido homem

Ao seu tímido e imprevisto olhar rumo à plantação

Às suas mãos tais qual adobe pelo tempo corroído

Como quem nos dá, com sua miséria, o próprio pão

Nobre, ostentando alegria ao alimento ver brotar...

Eu fiz esta canção da natureza para o tão frágil homem

Pelo orgulho e vaidade se deixa facilmente violentar

Arrogante, a embebedar-se do poder e putrefatas vitórias

Ele não vê distante e tímida estrela nem o cheiro da terra

Não vê o homem pobre a lhe prover da força das mãos...

Pensando na humildade foi que fiz esta canção,

protagonizada pelo belo não tão fácil de se enxergar

Mitigado nas instâncias pequeninas, jamais exaltado...

Entoada e ritmada nos momentos hodiernos, utopia

Roga que alguém a perceba, ouça, aprenda um pouco,

solfeje e interprete a canção de ser humilde, ser feliz!

Nalva
Enviado por Nalva em 08/08/2006
Reeditado em 09/04/2018
Código do texto: T211593
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