SACRO OFÍCIO

Em nome do Pai,

O poeta sangra.

Cingido pela estola

As estâncias imola.

É Moisés abrindo os mares

Castrando clichês, educando pares.

Em nome do Filho,

O poeta inspira.

Fruto da Razão com o Sentimento

Pródigo! Concebido sem intento.

É a dona Maria escolhendo feijão,

Lendo a República de Platão.

Em nome do Espírito Santo,

O poeta reflui.

Intérprete das línguas de fogo,

À voz de Deus clama o povo.

É a pomba multicor que sagra a arte,

Desnuda o íntimo que, em lumes, arde.

O poeta escreve.

Amém!