Descanso.

E as luzes todas se abriram

como pétalas em riso

na manhã de mãos divinas.

Meu corpo escorreu uma melodia

na noite que sem mais encantos

findou a noção de uma primavera.

Celebrei o sol em sua primeira aparição.

Desejei o suor de cada orvalho,

molhando de mim as outras faces

todas nuas pela noite afora (de minhas fantasias).

Rompi a memória que me prendeu

em um canto de meu cenário

e despi o verso encarnado no carmim

de minhas ausências. Estrelas choradas.

Silenciei os olhos.

O tempo carregou minhas veias

nas páginas de um passado

que bebi arranhando a garganta

para acordar esse poema

que traduz a morte que sonho.

Não venho de onde estive

e muito menos vou para onde quero.

Apenas existo e floreio,

o dia em que hei de ter sorte.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 01/06/2005
Código do texto: T21342