NÃO QUERIA, MAS LEMBRO

Por que sorrio, se estou triste,

Por que esse rio que corre e insiste,

Cada vez que lembro amada,

Que me torna prisioneiro do nada?

Por que não deságua no oceano infinito

E se funde com tudo além do meu grito

Eu sinto saudades e finjo que não sinto,

Por que sorrio, se para mim eu não minto?

Meu pranto sufocado pelo travesseiro

É meu canto mergulhado no braseiro

O que ontem pensava consolo na solidão

É esta chaga aberta sangrando o coração.

Se estivesses aqui, de frio não morreria

Um escravo, bobo, servo, isto eu seria.

Frio é o que eu sinto neste momento

E esse tempo que me parece tão lento.

Se me aquecesse amada, o teu corpo agora,

Seria meu o destino como o vento lá fora?

Acaso seria minha essa dor que me abate

Eu seria um amargo e intranqüilo vate?

Por isso, se estou triste, neste momento sorrio,

Não desaguarei meu caudal de lágrimas no rio

Luto para não fazer como os tolos que morrem

E secam no leito antes dos rios que correm.

WalterBRios

11 de agosto de 2006

Walter BRios
Enviado por Walter BRios em 11/08/2006
Reeditado em 12/08/2006
Código do texto: T214350
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