A CRIAÇÃO DO MUNDO
A CRIAÇÃO DO MUNDO
I
Da treva um dia surgiu
A voz de Deus que dizia,
Ao NADA que tudo ouviu,
Tudo aquilo que faria:
E o NADA inteiro explodiu
enquanto a vida surgia.
II
E Deus fez, nesse momento,
O céu, morada divina,
Onde habita o pensamento,
O Poder que determina
Ser o céu de encantamento
Onde a graça predomina.
III
Fez a terra toda escura
Onde o NADA residia;
Prevendo a vida futura
Com sua sabedoria
Produziu esta água pura
Que a nossa sede sacia.
IV
Vendo toda a escuridão
Disse Deus: - que haja luz!
E logo imenso clarão
Sobre a terra se conduz;
E Deus fez separação:
Noite e dia que seduz.
V
Foi este o dia primeiro
Em que Deus, o criador,
Trabalhando o tempo inteiro
Com todo o divino-amor,
Mostrou ser alvissareiro
Seu trabalho de esplendor.
VI
E foi feito o firmamento
Logo no segundo dia.
E, com seu consentimento,
Toda a água que existia,
Seguindo o regulamento,
Separou-se em harmonia.
VII
Pois conforme no passado
Era crença popular,
Além do céu azulado
Havia um imenso mar
Onde ficava instalado
Deus num trono a flutuar.
VIII
No terceiro dia, o Pai,
Separou da terra o mar;
E logo da terra sai
O mais bonito pomar.
Disse Deus: - multiplicai
O que da terra brotar!
IX
Toda planta dê semente
Conservando a qualidade.
E, de Deus onipotente,
Foi feita a nobre vontade,
Pois todo o verde existente,
Traz em si continuidade.
X
No firmamento celeste
Deus luzeiros colocou:
Um, o sol que vem do leste,
E a lua que apaixonou
O poeta que se veste
Das rimas que ela inspirou.
XI
E as estrelas cintilantes
Com missão de orientar
Bem mais tarde os viajantes
Pela terra ou pelo mar,
Além de luzes constantes
Nossa terra a iluminar.
XII
Este foi o quarto dia
Em que Deus, maior poeta,
Na mais pura poesia,
Cria a beleza concreta:
Todo o universo alumia
De forma augusta e correta.
XIII
E prosseguindo em sua obra,
Nas águas nunca habitadas,
Deus fez peixes, sapos, cobras.
Fez também a passarada,
Nem de menos, nem de sobra,
Em arte bem planejada.
XIV
Como é linda a natureza
Quando raia a madrugada!
E o sol com sua beleza
Banha a campina orvalhada
E na mata, com nobreza,
Canta alegre a passarada!
XV
O mar, morada de encantos,
Cheio de vida e mistério,
Às vezes calmo recanto,
Às vezes, da morte, império,
Sua beleza, entretanto,
Supera a qualquer critério.
XVI
Multiplicai sua raça,
Ordenou o nosso Deus.
E, com bondade e com graça,
Sobre a terra os olhos seus
Vê que o quinto dia passa
Das flores, nos gineceus.
XVII
No sexto dia acontece
O final da criação
E sobre a terra aparece
Toda a fauna em expansão.
Logo a terra se enobrece
Com a chegada de Adão.
XVIII
Tudo era bom e Deus viu
A terra toda enfeitada,
Porém quando Eva surgiu
De uma costela tirada
Do velho Adão que dormiu,
Deus não quis criar mais nada.