bom dia
prodigiosa coisa, esta
de falar comigo baixinho,
cá para dentro, procurando,
o ar
e a palavra.
um poema ermita diz circunflexamente existência,
o meu hábito,
selecciona,
investiga a estrada da alma,
uma flor abre-se da túnica branca,
floresce no deserto exterior,
quinze mil anos antes
dos Invernos rigorosos da Terra.
queria toda a Humanidade num sítio, aqui,
depois da ovelha desenhada por
Saint-Exupery,
na minha boca,
nas minhas mãos,
toda a Humanidade
aqui , neste tempo,
no momento dos meus olhos abertos no silêncio
no ar branco,
na água do meu desejo.
no desespero da alegria.
hoje, é um bom dia
para unir as espáduas da história
para fazer de um fio uma corda,
de alisar uma pedra.
Como atirar para sempre
o dia de hoje?
Março 2004