bom dia

prodigiosa coisa, esta

de falar comigo baixinho,

cá para dentro, procurando,

o ar

e a palavra.

um poema ermita diz circunflexamente existência,

o meu hábito,

selecciona,

investiga a estrada da alma,

uma flor abre-se da túnica branca,

floresce no deserto exterior,

quinze mil anos antes

dos Invernos rigorosos da Terra.

queria toda a Humanidade num sítio, aqui,

depois da ovelha desenhada por

Saint-Exupery,

na minha boca,

nas minhas mãos,

toda a Humanidade

aqui , neste tempo,

no momento dos meus olhos abertos no silêncio

no ar branco,

na água do meu desejo.

no desespero da alegria.

hoje, é um bom dia

para unir as espáduas da história

para fazer de um fio uma corda,

de alisar uma pedra.

Como atirar para sempre

o dia de hoje?

Março 2004

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 12/08/2006
Código do texto: T214952