Um Poema Outonal
Em uma suave e tépida manhã...
ela preparou sua entrada triunfal,
emoldurada pela paisagem outonal.
Enquanto as árvores desprendiam suas folhas
e toda natureza desmaiava de emoção...
Retornava, fingindo-se distraída.
Cantarolando uma romântica canção.
Ele olhou-a, surpreso, sem acreditar...
E, imediatamente interrompeu o verso,
o mesmo triste verso de pedinte amoroso...
e preparando o seu olhar mais caloroso,
abriu os braços para a receber.
Música de fundo...momento mágico.
E todo o esperado reencontro aconteceu
ali mesmo sobre o tapete de folhas
onde o tempo, de cansado, envelheceu.
Depois, imersos em poesia e sonhos
trocaram as eternas juras dos amantes
que, de seres comuns se fazem
deuses do amor... em poucos instantes.
Só não se sabe ao certo porque a esquiva musa
decidiu-se a ressurgir no outono,
quando tudo parece despedida...
E a natureza prepara-se para morrer.
Talvez, porque além de Musa, seja profetisa
e, tão claramente enxergue o Ego humano...
Que, adormecido pelo fascínio sobrenatural,
faz-se divino em breves momentos...
Para depois despertar, frágil e mortal.