Um Poema Outonal

Em uma suave e tépida manhã...

ela preparou sua entrada triunfal,

emoldurada pela paisagem outonal.

Enquanto as árvores desprendiam suas folhas

e toda natureza desmaiava de emoção...

Retornava, fingindo-se distraída.

Cantarolando uma romântica canção.

Ele olhou-a, surpreso, sem acreditar...

E, imediatamente interrompeu o verso,

o mesmo triste verso de pedinte amoroso...

e preparando o seu olhar mais caloroso,

abriu os braços para a receber.

Música de fundo...momento mágico.

E todo o esperado reencontro aconteceu

ali mesmo sobre o tapete de folhas

onde o tempo, de cansado, envelheceu.

Depois, imersos em poesia e sonhos

trocaram as eternas juras dos amantes

que, de seres comuns se fazem

deuses do amor... em poucos instantes.

Só não se sabe ao certo porque a esquiva musa

decidiu-se a ressurgir no outono,

quando tudo parece despedida...

E a natureza prepara-se para morrer.

Talvez, porque além de Musa, seja profetisa

e, tão claramente enxergue o Ego humano...

Que, adormecido pelo fascínio sobrenatural,

faz-se divino em breves momentos...

Para depois despertar, frágil e mortal.

Mareluz
Enviado por Mareluz em 22/03/2010
Reeditado em 17/06/2021
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