manhãs esplêndidas

se da geometria saísse

para fora,

para a rua, a vida,

podia encontrar círculos e circunferências

bebidos pelas árvores

e pelas homónimas pessoas,

circulando ,rápidos, nas ovais derretidas com rodas e guiadores de chocolate

nos seus , súbitos e matinais desejos

de arcos góticos acompanhados

por cânticos onomotopeicos

de pássaros, triângulos equiláteros brilhantes.

Dos raios do Sol encontraria semi-rectas iniciais

que disseminavam os adjectivos mais sublimes,

sobre as cidades abertas ao novo dia.

Continuaria, se saísse da geometria, no percurso

breve da rua, no meu olhar vertical e substantivo

para os troncos de pirâmide de âmbar e alvenaria

que a aurora descobriria linear e perspectiva.

Do verbo e do cone faria a poesia concêntrica

e intrasitiva como um óculo de pétalas rosa

que visse o mundo como também é.

Os rectângulos e os quadrados homógrafos

funcionariam como um ludo de crianças

e tudo não seria engano ou doença,

nem os ruídos são como sempre se ouve,

nem os gritos, nem os rastos, nem as sombras,

nem os gases e as poeiras, nem os homens , nem as mulheres

acordam desfeitos pela erosão

há manhãs diferentes

todas as manhãs são outra coisa também,

depende do Sol

e de mim.

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 14/08/2006
Código do texto: T216081