Estupor*

Para que versos, rimas, métrica, teorias tão elaboradas?

De que me vale saber que a catacrese é uma metáfora desgastada?

Chega dessa tortura...

Quem disse que quero reconhecimento?

Quero liberdade para escrever o que sinto da forma que bem entendo.

Quero resgatar meu estilo, superar desafios.

Reproduzir o mundo através da menina dos meus olhos

E criar uma nova perspectiva de vida, onírica e verossímil.

Por que não?

No campo mítico da poesia tudo é possível.

Posso morrer, renascer e gerar vida, indefinidamente.

Então chega de usar eufemismos.

Pouco me importa se meus pleonasmos incomodam.

Cansei de cobranças e de pretextos.

Para que desperdiçar palavras?

Não quero a verdade míope, distorcida e estúpida do “homem civilizado”.

Prefiro aquela ingênua pureza, a despreocupação, a coragem e a ousadia que me envolviam quando criança.

Eu quero a esperança cega de que no final tudo vai dar certo.

*Estupor: 1.Diminuição ou paralisação das reações intelectuais, sensitivas ou motrizes. 2. Qualquer paralisação repentina.

Joyce Amorim
Enviado por Joyce Amorim em 14/08/2006
Reeditado em 14/08/2006
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