Apolinário

Apolinário

Existe a carne de fato

pusilânime

diante do pecado.

Depois a voz de Deus

e a contrição da alma.

Mas ali, desagregada

do corpo santo de Cristo,

posso exculpar o contubérnio

no amor, e se o amor der certo

até dizer que Deus abençoou.

Senão o infortúnio há

de fazer-me ré.

A culpa a me apodrir as entranhas.

Misericórdia, ó Senhor!

Não fostes então vós

que me destes o desejo?

Como posso eu chamar imundo

ao que Deus em minha natureza engendrou?

O orgasmo me dá pena das moças

no caritó,

eternamente ataviadas nas janelas de Maio.

Nem sei que me dá de esconder os seios

quando passo por elas.

Acho que é medo do Juízo.

Cláudia Lidroneta.

claudia lidroneta
Enviado por claudia lidroneta em 31/03/2010
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