Apolinário
Apolinário
Existe a carne de fato
pusilânime
diante do pecado.
Depois a voz de Deus
e a contrição da alma.
Mas ali, desagregada
do corpo santo de Cristo,
posso exculpar o contubérnio
no amor, e se o amor der certo
até dizer que Deus abençoou.
Senão o infortúnio há
de fazer-me ré.
A culpa a me apodrir as entranhas.
Misericórdia, ó Senhor!
Não fostes então vós
que me destes o desejo?
Como posso eu chamar imundo
ao que Deus em minha natureza engendrou?
O orgasmo me dá pena das moças
no caritó,
eternamente ataviadas nas janelas de Maio.
Nem sei que me dá de esconder os seios
quando passo por elas.
Acho que é medo do Juízo.
Cláudia Lidroneta.