Il terzo

Escorre e pede

A alma ao corpo

Tortos sonhos e cansaços;

Tantos gritos em pedaços.

O dito some

Pela rima

E pelo acaso.

A vida morre

Ao ver a fome

No olhar doentio

E magro.

Meu pouco cedo,

Como se algo alterasse.

De meus vazios

E falsos alicerces

Despenco, derreto

E me dispo.

O doce mel

Dos artifícios

Que me constroem

São amargos em essência,

Inúteis enquanto meus.

Não olhe com tua volúpia.

Não veja ou queira

O que não podes.

Só dos sábios,

Significativos e marcados

É a páscoa,

Seus chocolates e coelhos.

Ah! Esses bois,

Cegos e fortes;

Castrados e mudos.

Não é protesto –

Não, criança anêmica.

Sinto por não ser,

Por não poder.

A arte também é artifício dos fortes.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 01/04/2010
Código do texto: T2170896
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