PIETÁ

Pietá, querida

Em teus braços a inconseqüência humana

Em teu colo o filho amado

A dor maior

De que adianta pedir perdão

Como teremos a coragem

De olhar em teu olhar

Até mesmo de orar

Envergonho-me

Sinto asco de minha humana condição

Daquilo em que nos transformamos

E agora nos resta esta estátua de sofrimento

Na qual iluminaste o artista

E estampaste no mármore a tua tristeza

Mãe e filho para sempre no mesmo corpo marmóreo, repetindo como um estribilho

O momento pétreo eternizando a tua fisionomia resignada e nobre

Mãe, mesmo assim eu sei

Que nos ampara em teu colo

E choras sobre nosso corpo indigno

A sorte do teu filho