Espólio

Deixa que as horas teçam manhãs

e nos teus abraços cheios de dengo

eu permaneça cativa.

Deixa que o dia se encarregue de lavar a alma

e o suor depure os desejos

lambendo os sutis segredos.

Deixa que a fala cale entre a língua e os dentes

e o vocábulo ouse harmonia

verbo vivo, na ponta dos dedos.

Deixa que o relógio pare

e nos ponteiros dependuremos

os nossos sonhos mais delicados.

Deixa que o amor traduza-se

em vida e arte

sem artefatos

_ poesia nossa de cada dia.

Fátima Mota

04/04