discursos sóbrios
repetidamente a noite ensina a solidão
como um pranto feérico sem cor
estabelece as coordenadas do abismo.
As harmonias do silêncio do vazio da luz
fixam o olhar vitreo
e tudo se consome no arrepio solitário
Não fomos concebidos para o escuro
e toda a felicidade que se consegue nas cavaqueiras de bar
são todo o impulso do sangue, que tem cor
e só
o ferve ao dia!
As análises microcóspicas que estabeleço
ás silhuetas da nossa experiência
não são tentativas para compreender,
apenas aventuras semânticas
com o intuito do diálogo minimal
sobre as fronteiras da nossa existência,
quase certo que não serve aos outros,
mas vivo a ilusão de que ao emprestar o meu corpo poético
poderei fazer amor sobre o quase nada
com toda a gente
respondendo ao impulso avassalador
da devassa intelectual que tem como alcance
a nova geneologia da moral
arremassando o corpo nas palavras
descobrindo os outros sem redomas,
e mesmo sem réplica daquele que lê
fico criando na parede branca do imaginário
as silhuetas abertas dos outros
fazendo da noite um laboratório de uma nova gramática
em que a regra não se associe à moral inerte
A carne viva é essencial
e a minúcia do detalhe ,
o diálogo quase absurdo da nossa intuição para estabelecer a nossa fronteira com tudo
são a palavra do verbo
como reflexo do tempo