VIRTUDE...

As razões se sucedem .

Tudo é justificável.

Na minha cabeça nada de errado,

Apenas o incontrolável.

Sem pecados,

Sem máculas,

Sem remorso.

Para tudo encontro remissão,

Isto foi por isto,

Aquilo foi por aquilo.

Não sou culpado.

Porque haveria de agir assim

Se não fosse a única saída esta forma,

Porque trilharia este caminho?

Está errado?

Sim, é antiético, incorreto, desleal, é traição.

Quem julga?

Onde se esconde o deus da virtude?

Existe ser humano

Capaz de condenar outro?

Matei um amor por letargia,

Matei um sonho por interesse material,

Sucumbi à corrupção por comodidade.

Traí por prazer e luxuria,

Roubei lágrimas e esperanças,

Menti muito como legitima defesa,

Apaguei muitos sorrisos inocentes.

Não sou culpado.

Apenas meu travesseiro me incomoda

Sacerdote que é do meu confessionário.

Planejo destroça-lo

Jogar pluma por pluma em lugares distantes

Para que assim espalhadas

Não me acusem mais,

Esvoaçantes e indiferentes,

De ter vivido.

Humberto Bley Menezes
Enviado por Humberto Bley Menezes em 16/08/2006
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