Vem Agosto

Vem Agosto

com a tua gordura de cores

emprestar à paleta do pintor a seda do sol aberto.

Vem

beber o vento acrílico do momento

banhar-te em ice-creams no ouro da praia rubra de um poema

criar versos gráficos na curvatura das ondas

espreitar os cheiros dos peixes expêndidos

morrer em meio-dias nos talheres rituais dos comensais

ressuscitar herói na caravela onírica que passa nas íris das gentes grossas do mar

Vem deitar-te

no bronze das garotas nuas

no rebolo das areias aureas

e não deites o fim cá para fora

antes namora a lua cheia

e faz da maré nocturna

o vento quente do afecto

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 17/08/2006
Código do texto: T218553