Vem Agosto
Vem Agosto
com a tua gordura de cores
emprestar à paleta do pintor a seda do sol aberto.
Vem
beber o vento acrílico do momento
banhar-te em ice-creams no ouro da praia rubra de um poema
criar versos gráficos na curvatura das ondas
espreitar os cheiros dos peixes expêndidos
morrer em meio-dias nos talheres rituais dos comensais
ressuscitar herói na caravela onírica que passa nas íris das gentes grossas do mar
Vem deitar-te
no bronze das garotas nuas
no rebolo das areias aureas
e não deites o fim cá para fora
antes namora a lua cheia
e faz da maré nocturna
o vento quente do afecto