Página virada

De repente a alma ficara silente,

De lembrança sobrou-lhe apenas uma flor

Sobre o caderno a última frase de amor

Em rabiscos findou-se o sonho luzente...

Flor, só restara em ti perversos espinhos

Versos forjados com os prantos matinais

De letras espalhadas pelos vendavais

Lembranças vão traçando tristes caminhos...

Flor de primores e cores desabrochou

Lançou-se nos afagos da primavera

Tal qual o orvalho se enlaça com a terra

Prende-se a pouca esperança que restou...

Da última página, branca, translúcida,

Restaram meros retalhos espalhados

Em mil poemas de versos amputados

Sem pé nem cabeça, vago, sem vida...

Vêm as chuvas de verão superficiais

Numa correnteza rasa de esperança

Vem numa brisa passageira lembrança

E seu sopro traz tristezas colossais,

Forjado no inferno, em abrolhos de ferro

A morte se desenha rapidamente

Completa o circulo e volta a ser semente,

Na última página, um tom de desespero...

Joselito de Souza Bertoglio
Enviado por Joselito de Souza Bertoglio em 10/04/2010
Código do texto: T2189449
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