nós um

Bate-me no coração um frio estranho a mim

E então pela janela eu olho estreita rua

Não quero crer que de tudo já chegou o fim

Mas os retratos viram as costas para mim

Queria me convencer de que tudo é ilusão

Bate forte a falta que faz aqui o teu olhar

Começo a pintar as paredes para disfarçar

No entanto escrevo no caderno qualquer

Coisa que não vai

E recordo no banheiro a marca de batom

Ali teus lábios um dia consertaram

Um erro de gramática que deixei pra ti

E agora que lava meu rosto quente é

Já me convence muitas vezes de que vou partir

La longe à distância paro vendo a casa

A me chamar

Como se um dia tu pudesse retornar

E cobrir-me de carinho, sonho meu,

Não quero a realidade que toma-me

Deixa-me sonhar, não atrapalha não...

Se meus planos a chuva os borrou

Posso consertar a todos na imaginação

De tudo que vivi só não posso suportar

Essa certeza que tudo tem ao meu redor

De que a realidade afoga-me

Cuidando de esquadrinhar cada sonho meu

Colocando em cada traço da pintura

Um elemento desnorteante, sofredor,

De que você dessa casa já partiu

Me dizendo que me cuide, não voltarás

E então eu me pego me iludir

Coberto pela realidade em torno de mim

Que você saiu apenas para caminhar

Que todo esse tempo é um instante

E logo retornarás,

Cotovelo nos joelhos, cabeça entre as mãos,

Num canto encolhido sentado aos pés

E rogo aos céus que me retorne a vista

Que adentra a escuridão feito intensa luz

E assim vejo um caminho a dividir

Meu mundo o teu mundo, onde estás,

A cruz no peito grande peso tem

Caindo no penhasco meu corpo se vai

E enquanto estendo para ti a minha mão,

Dá tempo de sentir teu peito

E ver teu coração

Nesse instante pintado num quadro torto

Eu então percebo tu junto a mim

A dor voraz parece que se desfaz

E cansado o corpo a realidade se refaz

Nesse agora real mundo posso te sentir

E me apraz a tua foto nos espelhos

Na casa espalhados,

Como é bom saber que não nos pode dividir

A casa abandonada agora se esfria

Não sei se a ela retornarei

Pois que te vejo ali ao longe, mas bem perto

Me chamar a me perguntar

Que fazes tu querer viver sem mim

Será que ainda não compreendeu

Que eu sou tu, você sou eu

E a paz só existe em nós dois

Não é possível suportar a vida assim

Não importa de que lado se viverá

Pois estou aqui amigo meu

Te dou a minha mão, venho te buscar...

Será que ainda não compreendeu

Que eu sou tu você sou eu

E não importa quem pode imaginar mais

Mais forte essa realidade

Que em torno de mim e de você

Se faz-desfaz,

Nenhum sentido tem,

Nenhuma alegria traz...

Não possível que o mundo possa compreender

O amor que existe entre nós dois,

Não é possível ao mundo entender ainda

Essa ilusão que é um de nós

Não é possível ao mundo dissipar

Um lado sem o outro que é

Um de nós dois

Não é possível ao mundo

O que é possível facilmente

Para nós dois, nós um...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 14/04/2010
Reeditado em 30/01/2013
Código do texto: T2197578
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