PAIXÃO

PAIXÃO

No brilho dos teus olhos,

sem gentilezas,

cravado eternamente está meu estranho perdido paraíso;

neles cintilam os meus outonais segredos.

Nas minhas mãos,

sementes já não prometem primaveras-de-flores

no jardim das minhas dores.

Em minhas fantasias,

tão-somente mares de furtivas lágrimas;

e a distância faz-se longa noite invernal.

Em minha infernal solidão,

brasas-vivas brotam sob meus pés descalços,

percalços de desamores,

e obstinados e destinados filetes solares

ferem meus sonhos;

eles rodopiam no desalinho das marés,

dos ventos,

do verão...

paixão.

Prof. Dr. Sílvio Medeiros

Campinas, é outono de 2010.