Mulheres de minha vida

Neguinha retirava a brincadeira

das nossas mãos.

- Hora do asseio! Não tem “senão”.

Dizia, bem disposta,

areando nossos pés

para a ceia posta.

Mãe, acocorada no batente da porta,

ora cosendo

meias... e palavras

ora cozendo

jerimum, batatas

extraídos do nosso torrão.

A roupa de domingo

foi presente da Vó.

Ela quem decidia o rumo

de cada tostão.

Mulher fina, bonita “que só”!

A rede no alpendre

tem varandas de crochê

feitas pela bisavó,

Santa Rosa,

que também debulhava o rosário,

qual vagem de feijão.

Nosso pão de cada dia

que nos deu ontem,

provendo o hoje,

resguardando o amanhã.