Devolva-me
Devolva-me as horas de amor contínuo
Meu egoísmo tão exíguo.
Devolva-me meus passos no teu chão
As avenidas que abri no teu coração
Devolva-me as noites diárias
De volúpias solitárias
Devolva-me o calor dos seios
Onde depositei teus anseios
Devolva-me o amor silencioso
Que chorei de prazeroso
Devolva-me as lágrimas quentes
Que colecionei como sementes
Devolva-me meus mares e oceanos
Meus desejos insanos
Devolva-me o corpo árido
O viver pálido
Devolva-me o frio da alma
A inquietude e a calma
Devolva-me o viver acomodado
Meu ser desbotado
Devolva-me a certeza
De aprender viver sem beleza
Devolva-me a juventude cheia de graça
De todos esses anos de trapaça