Balada Marítima I

Só, o mar é pleno.

(Basta em si apenas

Suas metáforas e mecânicas,

Dissoluções verde-olhar

Que penetra(m) em espuma

Os pés que se transmutam

líquidos, e se dissolvem

voltando à forma originária

Onde Tudo é Um)

Emanto o corpo e a corda

Que desfragmenta entre braços

A suave canção que me aninha

Enquanto sou arremessado

Entre rochas e Vazio,

Inerte de qualquer ação, se não Céu.

Não me empenho em lutar,

aceito a água como se aceita o sol em dias de verão,

Sem tormenta ou exaspero,

Apenas regozijo brando e branco;

E então, esqueço-me de tudo.

(Não pensar se torna o princípio de tais coisas)

Abro os olhos e acalanto,

Ultramarino decomponho-me em sal.

Beijada é minha face sobre a superfície,

Tenho entre os dedos uma gaivota;

Em cima de uma pedra

Com um relógio preso ao corpo

Desfiguro as horas fugidias e sorrio,

Agora eu sei como é morrer no mar:

É morrer e encontrar-se vivo.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 24/04/2010
Código do texto: T2217639
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