No dia de minha execução

Venham, venham todos, aproximem-se

Estou de partida e me sinto pronto

Purifiquei-me de todo mal que há nesse mundo

E, percebi melhor o céu e o que ele significa

A respiração ofegante e o vento intenso deixam-me um pouco tonto

Acabei de esvaziar-me de toda e qualquer esperança

De mamãe, vêm-me a saudade e algumas lembranças

Já no fim da vida, arranjara um noivo que a visitava pela janela

Há tempos não pensava nela, nem...

... Naquele asilo em que vidas se apagavam como velas

Com reverência, percebi a indiferença dos espectadores

Muitas caras e feições; são hipócritas e agem como atores

Se parecem demais comigo e sinto-me menos só nesse holocausto

Eu estou exausto, enquanto eles aguardam serenos pela execução

E, então, para a consumação do ato ser plena e convincente

Verdadeiramente, quero que venham muitos gritos de ódio da multidão aqui presente

*Baseado em: “O Estrangeiro”, de Albert Camus

Marciano James
Enviado por Marciano James em 28/04/2010
Reeditado em 25/01/2011
Código do texto: T2225672
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.