Madrugada

Sozinho envolto aos lençóis da cama

Sem ouvir nada sinto que uma voz me chama

Não sei se posso confiar em seguir

Mas que adianta ficar e não sorrir

Madrugada fria e sombria

O vento na fresta da janela assobia

Olho minhas mãos e estão atadas

Mas as cordas que me prendiam estão cortadas

Lá fora vejo o sereno que cai

E nada nem ninguém já me distrai

O que pode me trazer devolta ao mundo real

Será que vai ser diferente ou tudo igual

Posso confiar nas pessoas que me cercam

E as coisas que me cegam

Alguém virá pra me ajudar

Ou apenas pra me zombar

Não quero fechar meus olhos e deixar as coisas como estão

Preciso de algo que cicatrize as feridas de meu coração

Preciso encerrar isso definitivamente

Apagar tudo dessa minha mente

Vou trocar as velas do candelabro

Para que haja nova luz e nada dê errado

Quero que tudo seja como antes

Como se nada tivesse mudado de lugar na estante

Flores brotam em um novo jardim

Espero que isso tenha traçado um digno fim