Vou para a Terra de Van Diemen

Abrace-me, estamos perto do cais

Um longo abraço de despedida nessas ruas escuras

Efemeramente infinito e tão intenso

Como a brasa que dissipa o incenso

Momentaneamente me concentro

Na picada da agulha gasta

Faz-me soletrar: G-L-O-R-I-A

Num ritual que perfura a carapaça

Quando a maré subir e a febre baixar

Irei embora, e o templo visitarei

Lá precisam-se de muitas mãos para a reconstrução

Para a Terra de Van Diemen, rumarei

Aqui, todos os dias, comprimidos amargos, eu engulo

Acertei as contas com o Senhorio

Deixe-me ir, encontrar o que procuro

Abandonei o peso da pistola e sinto-me seguro

Você acompanhou todos os meus estágios

Conheceu-me muito jovem

Era astuto, aspirante, sonhador e metido em confusões

Sabes o que lhe digo, pois reconhece todas as minhas hesitações

Os que vieram de lá, disseram-me que há oportunidades

Há lucro, há amor e não se vê indiferença nem vaidade

Face a face com a justiça, encontrar-me-ei

E com a ajuda do magistrado, da dor, libertar-me-ei

Não titubearei, ouça, portanto meu desejo:

Antes da partida, abrace-me

Até essa hora acabar e com seu toque me elevar

E, nas terras altas de Van Diemen meu veredicto encontrar

*Baseado na canção: 'Van Diemen’s Land', U2 (Rattle and Hum, 1988)

Marciano James
Enviado por Marciano James em 01/05/2010
Reeditado em 24/01/2011
Código do texto: T2231006
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