momentos

os meus melhores momentos são espaços

entre a bruma e as árvores

quando azul do céu fica suspenso

em toda a nossa interrogação

sobre as coisas e as palavras com rostos de gentes

são os segundos milimétricos dos sentidos

que mergulham a existência no supremo das copas das árvores

que é uma metáfora da água festiva que bebe o meu corpo

em sílabas escritas decompondo o vulgar na excelência do tempo

é o percurso dessa palavra como axioma do mistério

que liberta os cavalos brancos de um silêncio que é toda a espera da descoberta

do ainda novo futuro

esses momentos são olhares para lá e para dentro

que abrem a poesia como janela aberta da Primavera

numa manhã nunca sonhada

todo o momento que uso não me pertence

mas de quem é o tempo?

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 23/08/2006
Código do texto: T223354