momentos
os meus melhores momentos são espaços
entre a bruma e as árvores
quando azul do céu fica suspenso
em toda a nossa interrogação
sobre as coisas e as palavras com rostos de gentes
são os segundos milimétricos dos sentidos
que mergulham a existência no supremo das copas das árvores
que é uma metáfora da água festiva que bebe o meu corpo
em sílabas escritas decompondo o vulgar na excelência do tempo
é o percurso dessa palavra como axioma do mistério
que liberta os cavalos brancos de um silêncio que é toda a espera da descoberta
do ainda novo futuro
esses momentos são olhares para lá e para dentro
que abrem a poesia como janela aberta da Primavera
numa manhã nunca sonhada
todo o momento que uso não me pertence
mas de quem é o tempo?