Morte da Poeta
Ah! Seu eu pudesse morrer amanhã...
Queria morrer mansamente
Em silêncio...como a brisa dolente
Que me beija calada toda manhã
Como orvalho que cai tranqüilo
Se esparrama pelos jardins
Espalha o perfume dos jasmins
Entristece o canto do grilo
Ah! Se eu pudesse morrer amanhã...
Queria morrer como o mar
Que vem na praia desmaiar
Entoando uma prece malsã
Beija a areia com cânticos
Se desfaz vagarosamente
Deixando um rastro quente
Dos seus beijos vulcânicos
Ah! Se eu pudesse morrer amanhã...
Queria uma mortalha de poesias
Para conduzir comigo as agonias
Queria beijos com gosto de hortelã
Ah! Se eu pudesse ao menos escolher
Não queria levar minhas dores
Só o gosto dos meus amores
Se amanhã eu pudesse morrer...