A Flor do Afeganistão

Como já disse o velho alquimista Morienus: ”O portal da paz é sobremaneira estreito, e ninguém poderá atravessá-lo senão pela agonia de sua própria alma.”

Oh Nix deusa das trevas

Filha do caos

Livrai-nos da agonia

De ver brilhar o teu mal

Hades raptou Perséfone

Deu-se então o ritual

Por ordem de Zeus

Renascestes na primavera

Papoula sonífera e mortal

De tuas cápsulas extrai-se o ópio

Entorpecente fatal

Que era dado aos gladiadores

Para o espetáculo brutal

Há 5.000 anos os Sumérios e os Celtas

A utilizavam para combater a insônia

E também a constipação intestinal

Hipócrates a reconheceu

Como sedativo sem igual

Paracelso utilizou seu láudano

Para rejuvenescer e curar doenças

Em 1803, Frederick Sertuerner

Do teu ópio criou a morfina

Que tem esse nome em homenagem a Morpheu

Deus dos sonhos na mitologia

Como sub-produto da morfina

Foi então criada a heroína

Droga poderosa e assassina

Que deixa órfãos de seus filhos

Muitos pais de família

Hoje o maior cultivo mundial

É feito nas terras do Afeganistão

Eles mesmos não a utilizam para nada

Apenas para espalhar o terror no mundo

E matar nossos irmãos

PAPOULA

Trata-se de uma família de plantas contendo cerca de 250 espécies diferentes, mas apenas duas contém uma quantidade razoável de ópio: Papaver bracteatum e Papaver somniferum (papoula dormideira).

A Papaver somniferum é originária da Ásia Menor, e cultivada na Turquia, Irã, Índia, China, Líbano, Grécia, Iugoslávia, Bulgária e sudoeste da Ásia, onde o Afeganistão se destaca como um dos maiores produtores mundiais. O cultivo da papoula foi introduzido pelos ingleses em uma região conhecida como Triângulo do Ouro (Mianmar, Laos, Tailândia) que liderou durante muitos anos a produção mundial do ópio.

O ópio é produzido a partir da resina extraída artesanalmente das cápsulas de sementes do fruto imaturo de papoula, que depois de seco, resulta numa pasta amarronzada.

"Texto inspirado na música Jardim das Acácias II de Zé Ramalho: ... e a papoula da terra do fogo, sanguessuga sedenta de calor, desemboco o canto nesse jogo, como a cobra se contorce de dor, renegando a honra da família, venerando todo ser criador..."