Além ferrugem
escrever!
estou fadado a viver
num mundo de letras
sílabas palavras sintagmas
frases que da minha boca
nunca caem. Contudo
vivem a causar calafrios
em quem as lê.
universo
é apenas mais um verso
preso a meu poema mais
latente. Visceral
não chega nem à esquina
sem antes derramar
um oceano de farsas.
corrompe silêncios
ao deixar rastros
de dores invisivelmente
improváveis.
todas elas são assim:
inaudíveis, versáteis,
espasmódicas: falsas!
(a maior que sinto
é a de parir versinhos)
epidermicamente aqui quem sou?
será que quem julgam?
pois escrevo!
pela liberdade estética
momentânea e abismal
retida em sentimentos
que não existem
além do papel –
sei muito bem que é
real apenas o que venha
do coração – que a eternidade
está presa a mim pelo fio tênue
da existência do poema,
no qual não enferrujo jamais.
em resumo:
escrevo!