Eternidade

De ti nunca parti

Ainda que pensasses que minhas mãos

Ensaiavam-te acenos e despedidas.

Na memória tenho todos os teus gestos,

A ternura de cada sonho compartilhado

Que deitávamos no colo de algum dia,

Onde poderíamos nos pertencer.

Não pressuponhas que a ausência

Leva de mim os cheiros das promessas,

Os abraços meus que só se sabiam

Feitos para o universo dos teus braços.

Permaneces lavrado em meus olhos,

Refletido como sombra em meu rosto

Como a amparar-me a solidão de mim mesma.

És parte de mim, como se me navegasses

Tu nau, eu mar aberto, entregue e plena

À descoberta da rota dos teus dedos

Não penses que a saudade é finda

Nestes caminhos apartados dos teus

Lembrar-te é florescer primaveras

Nos passos áridos por tanta espera.

Guardo em meus lábios teu sorriso,

Porque o ontem que te parece distante

Será sempre o tempo presente

Para quem se sonha eternidade...

© Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 24/08/2006
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T224526