o nada

falemos de palavras,

façamos geometria,

pintemos a tela de branco. fumemos,

oremos, façamos de conta que a vida é nada.

experimentemos os verbos intrasitivos,

os advérbios sem corpo, luas,

noites desertas, hipérboles e metáteses de zero.

Não encontramos nada.

nada é doença, é melancolia, programa de rádio na madrugada.

sem sintoma, não se encontra sinónimo adequado, nem semântica.

Nada, não tem a haver com corpo, mais com cerveja,com rolha na garrafa.

Qualquer coisa que não se nota, mas do verdadeiro nada,

precisamos quase tudo.

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 24/08/2006
Reeditado em 24/08/2006
Código do texto: T224558