o nada
falemos de palavras,
façamos geometria,
pintemos a tela de branco. fumemos,
oremos, façamos de conta que a vida é nada.
experimentemos os verbos intrasitivos,
os advérbios sem corpo, luas,
noites desertas, hipérboles e metáteses de zero.
Não encontramos nada.
nada é doença, é melancolia, programa de rádio na madrugada.
sem sintoma, não se encontra sinónimo adequado, nem semântica.
Nada, não tem a haver com corpo, mais com cerveja,com rolha na garrafa.
Qualquer coisa que não se nota, mas do verdadeiro nada,
precisamos quase tudo.