Cheiro de Mato

Cheiro de mato,

Vaga lume no ocaso,

Orquestra de sapo.

Cheiro de mato,

Chuva fina na calçada,

Terra molhada,

Garritar de grilo na enseada,

Água de rio claro.

Cheiro de mato,

Água de poço no terreiro,

Taperebá, abacateiro,

Meu pé de laranja,

Com Tucumã, Bacuri e Cupuaçu,

Açaí, Ingá... Tucupi,

Beiju, farinha do Guamá,

Meu pé de tajá a janela.

Cheiro de mato,

A luz do luar,

Cigarras chamam o verão,

Enquanto o sabiá faz a canção

Para as pedras no caminho,

O barquinho que passa...

A doce dama, flor sem nome,

Que exala toda a sua graça a beira do Guajará.

Cheiro de mato,

As seis ave Passarinhada,

Ver-se logo Cabano,

Sonho urbano,

Capital,

Gurizada feita periquito na mangueira...

Amor feudal,

Romance ideal.

Cheiro de mato,

Casa de palha,

Bela índia da mata,

Suave sereno,

Colar de ametista...

Perfume.

Cheiro de mato...

Destino,

Na lembrança que ensino,

Ouso chamar de saudade,

A chuva das horas,

Que nina e exalta,

Para celebrar a alegria nas ruas de igarapés.

Onde você for,

Eu vou com a festa na mata,

Sob a luz da ribalta no horizonte verbar vida,

Pois que, felicidade não se inventa ou se procura,

Vive-se, enfeitiça-se, enquanto há corpo e alma.