ÚLTIMA PARADA

Bocas caladas

rostos aflitos

ombros curvados

peitos opressos

mãos crispadas nas sacolas

um emaranhado de pernas.

No minuto seguinte,

a estação vira campo de batalha

e quem pode entra no peito,

se joga duro sobre o assento

sob olhares de malquerança,

pragas...cusparadas...xingamentos...

pois que os pares não se reconhecem.

Com os olhos acesos sobre os trilhos,

surdo aos apelos dos vencidos,

o trem desliza compondo a tarde fria:

vomitando gente ...

vomitando gente...

vomitando gente...

Ana Másala
Enviado por Ana Másala em 28/08/2006
Reeditado em 26/09/2006
Código do texto: T227343