Pai, você é moderno

Você é um crioulo absoluto

É do campo, é matuto

Eu sou moleque relativo

Sou urbano, e passivo

Você conhece os matos

E desbrava os fatos

Eu perco ônibus

E me perder é um ônus

Você tem bigode

E quase tudo pode

Eu tenho barba rala

E falhada é minha fala

Sempre estás com a razão

Pela fé fecha a mão

Eu não, abro o peito

Eu já declaro o meu defeito

Papai acredita na veja

E sabe bem o que almeja

Eu acredito no absurdo

E de repente eu surto

Papai estudou fundamental

Mas sabe a força do mentol

Eu sou pós-graduando em

psicologia, e não estou me sentindo muito bem.

Papai deve ter a explicação

Ele tem a razão,

Eu o sentimento

De não ter nem ganha-pão

Fernão Bertã
Enviado por Fernão Bertã em 25/05/2010
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