Peça sobre os Orixás
Contador:
Reza a lenda que Olorum, o grande arquiteto do universo tinha muitos filhos; os Orixás. Dentre todos eles, uma menina tímida chamada Onilê.
Sempre quando havia festas no Palácio, Onilê fazia um buraco no chão e se escondia até que a festa tivesse acabado. Era muito recatada.
Um dia OIorum pediu que seus arautos avisassem sobre uma grande reunião em Aruanda.
Arauto: (Som de Corneta)
Filhos da Luz, Filhos do Sol!!!
Olorum convida à todos para uma reunião em seu Palácio.
Venham ricamente vestidos dançar a dança da vida
Venham divinamente com corações adornados
Pois a riqueza do mundo será por ele dividida
Aos seus filhos Orixás muito ele tem preparado
Contador:
Quando chegou o dia da grande festa
Ao palácio cada Orixá se dirigiu
Um mais belo ainda que o outro
Riqueza e beleza como jamais se viu
Arauto:Que entre Exú!
Exú:
Venho adornado com o poder da palavra
Levo comigo a força que tem um guardião
Minhas vestes tem bolsos pra vários recados
Que levo ao pai, Sou orixá da comunicação
Arauto:Que entre Iemanjá!
Iemanjá:
Venho vestida com a espuma do mar
Trago em minha testa um grande estrela
Em meus cabelos uma cascata de pérolas
E algas marinhas trago em minha pulseira
Arauto:Que entre Oxossi!
Oxossi:
Venho adornado com a cor da mata
Trago a vida da natureza que há em mim
Ramos macios que em minha pele contrasta
Em meu colar a cor do puro marfim
Arauto:Que entre Ogum!
Ogum:
Venho trajando minha couraça de aço
E forjada está minha espada que cintila
Banhei-me no rio de toda coragem
Como guerreiro que não foge da trilha
Arauto:Que entre Oxum!
Oxum:
Venho imantada na cor da riqueza
Nas águas doces e de todo tesouro
Trago a limpidez de cada cachoeira
E vaidosa como sou, jóias e ouro
Arauto:Que entre Ossaim!
Ossaim:
Venho enfeitado com o encanto das ervas
Em meu manto trago folha perfumada
Que colhi na floresta durante o dia
Pra curar cada pessoa necessitada
Arauto:Que entre Oxumaré!
Oxumaré:
Venho portando em mim gotas de chuva
Que reluzem as cores todas que me vesti
Sou o arco-irís de mais de mil cores
E mostro a serpente que porto antes de partir
Arauto:Que entre Iansã!
Iansã:
Venho vestida com as asas do vento
Impulsionada pelas águas da tempestade
Cobertos com raios estão os meus cabelos
Os elementos adornando a minha vaidade
Arauto:Que entre Xangô!
Xangô:
Venho adornado com as cores do fogo
Trago como presente o adorno da conquista
Meu instrumento musical é o trovão
Que esbravejo quando vejo injustiça
Arauto:Que entre Omolú!
Omolú:
Venho enfeitado com a palha seca
E trago comigo muito da medicina
Cubro o corpo para ninguém se assustar
Ao ver a beleza da minha alquimia
Arauto:Que entrem Ibejis!
Ibejis:
Viemos enfeitados da pura criança
Trazemos em nosso aspecto a alegria
O cheiro de doce gostoso nos chama
Bolo, pirulito nos deixa em harmonia
Arauto:Que entre Oxalá!
Oxalá:
Venho envolto pela aura da pura paz
Minhas vestes alvas são como o algodão
Calmo e puro invoco toda a brandura
E como presente, trago a pacificação
Contador:
A cada apresentação de um Orixá
Um clamor da multidão se ouvia,
E quando o Arauto tocava a clarineta
Fogos de artifício no céu se via
Olorum então se sentou no trono
E disse alto a todos os seus filhos queridos
Que da natureza cada um já tinha tratado
E suas próprias riqueza já tinham escolhido
Olorum:
Iemanjá ficará com as águas e espuma do mar
À Oxossi deixarei o poder da caça e das matas
À Ogum presentearei com domínio dos metais
E Oxum as cachoeiras das águas doces e claras
Pra Ossaim reservarei o poder de cura das ervas
Oxumaré ficará com arco-íris e as gotas da chuva
Iansã dominará a tempestade e seus raios
Xangô será o patrono da justiça e da fúria
Omulú terá o domínio das doenças e da cura
À Exú darei a comunição e o poder de guardião
Ibejis terão toda alegria, doces e candura
À Oxalá tudo o que é branco e puro de coração
Contador:
Todos ficaram felizes com os presentes
E com suas partes da riqueza natural
Mas se perguntavam a todo momento
A quem seria dado o presente monumental
Foi quando Olorum pediu a todos silencio
Pois iria finalmente dizer o nome do Orixá
Que teria o domínio do planeta Terra
E de tudo o que nele fosse habitar
Olorum:
A Terra eu darei àquela que se veste dela
A Terra é de seu domínio filha Onilê!
Contador:
E todos olharam com verdadeiro espanto.
Todos se perguntavam: Ilê? Cadê Ilê? Onde está Ilê?
Foi quando viram Onilê sair do útero de Gaia
Vestindo na pele a cor marrom da mãe Terra
Vergonhosa, todos pagaram tributos àquela
Que regia os mares, os rios, a mata,
O verão, o outono, inverno e primavera
Onilé:
É uma honra receber tão precioso presente
Por isso eu rogo ao meu Pai Olorum
Quero compartilhar semeando prosperidade
Nesta terra linda de tanta diversidade
Transmutando tudo o que há de nela nascer
Contador:
E foi assim que Olodumare pôde se dirigir aos seus domínios
Deixando seus filhos governando toda a sua ciranda
Mas dizem que volta e meia se encontram em festas
Quando todos vem à Terra trazendo o céu de Aruanda!
(Homenagem aos Divinos Orixás)