HISSOPO

Hoje eu quis escrever,

Por isso, minha alma,

Eu te chamo:

Vem sentar-se perto de mim,

Ainda que escureças o meu olhar

E tires a cor dos meus cabelos

Por conta do frio que trazes

E as histórias todas

Dos teus mergulhos

Abissais...

Em que pese o horror que vemos,

Saiba, companheira minha,

Que é contigo

Que é doce ouvir a música

Que esconde o segredo

Dos vôos mais altos

E ousamos compreender

As palavras jamais escritas:

Intraduzíveis...

Que é na tua companhia

Que o Absinto

Mata o mundo

E acordam as cores

E os Amores vem cantar

E falar do que foi feito

E do que ainda se fará...

Que é na tua companhia

Que os risos todos,

De todas almas que já tivemos,

Enchem a nossa casa vazia

E escrevem no ar os versos que amo ler

E me embriagam quando os prendo com a minha letra...

Que é na tua companhia

Que a magia faz luz

Para eu ver atrás da cortina do desconhecido

E todas elas dançam e cantam

E me encantam

E me adoçam

E me fazem rir

Doce e amarga,

Clara e escura,

Fria companheira que me aquece,

Me resgata, me envelhece...

Me alegra, me entristece...

Vem sentar-te perto: eu quero escrever...

Conta-me mais algum segredo que ainda não sei

E eu o deixarei velado

Entre uma palavra e um ponto final...

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 30/08/2006
Código do texto: T228404
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