A caminhada

A gente levanta com a preguiça na costa,

Calça o tênis, veste a camisa e o short.

Sem tomar café, se saber ao certo se o sol vai nascer.

Apenas uma certeza, que no Curiau,

Não importa se faz calor ou vai chover,

Há sempre uma novidade desenhada.

A gente se encontra sem hora marcada.

E mesmo sem se conhecer, dá bom dia.

É gente que vem,

É gente que vai.

O corpo suado,

Cansado, matinado da caminhada.

Assimila da noite a paz que as matas

Em silêncio acolheram em seu puro seio.

Enquanto ao norte,

Bem a frente de nós,

Com o clarão resplandecente do sol

Passa uma revoada de

Tucanos, papagaios, periquitos,

Maracanãs, mergulhões e ararás.

Caminha-se, caminha-se até a curva da

Árvore dos aniversários,

Vê-se no alto dos postes Urubus com as

Asas esticada esperando o sol aquecer

O frio da madrugada. Passa-se pela calçada,

Pela casa de forno, pela tenda do Marabaixo, pelo acervo,

Pela rua do Curiau mirim,

Passa assim, até chegar em casa e enfrentar uma nova estrada.