A Guerra da Cidade

Dias e dias

Espera que mora

Demora que nega, recua

Embaraça os disfarces, diz sim

No palco as luzes

A luz no meu corpo

Maquiado e bem feito

Nu como a lua

A cabeça interpreta a canção do dia

As palmas, as raivas e o que existe no fundo

E o que existe no fundo? – A reza

O cabaré se ilumina, ilumina!

E eu na porta feito santa

E eu na porta feito tonta

De repente o povo assalta

Solenemente ataca

São exércitos de machos

Contra as putas da cidade

Linda e enluarada

Capenga e sem vergonha

Como o dia de gravata

Como a tarde das patroas

Quem merece o sol afinal?