Penúria em paz

Penúria em paz

=============ErdoBastos

Eu sou mais do que posso ser

sendo o que não sou.

Sou, como me fiz,

estou, como sempre me quis.

Sou teu bem, num mau momento.

Fraco, louco, teu tormento.

De Deus e de Diabo, em cada fragmento,

na borra de cada elemento,

meu poema acrescento...

Fujo da métrica, mas aceito a rima.

Desprezo a estética, patética prima.

Abro a alma e cumpro minha sina

de aprender a viver com quem me ensina.

E ponho abaixo o que me vem por cima!

Espalho as frases, soltas pelo texto,

aumento o espaço entre mim e o verso.

E te interpões, nave estelar que cruza

o espaço aberto do meu pensamento.

Doce aventura, ficção e incúria...

Vinho maldito que não me embriaga!

Quero beber, para voar contigo...

Espaço aberto, verso solto, me dedico a ti.

Anjo caído, universo findo!

Asas quebradas, como são meus versos...

As faces rotas de choro sofrido.

Olhos vermelhos, de esfregar no choro

teu nome, que molha todos os meus lenços

E a cada riso, mais um pouco eu morro

E vejo espaços ainda mais imensos

Que pinto e esculpo, cobrindo de arte

com versos e vinhos, que de alguma parte

o sonho traz, e depois me devolve.

Penúria em paz,

sem dor, sem revolta.

Vitória, na luz que o bem me traz.

Digo “oi” pra vida,

que da morte, nem sempre se volta...