A estação do tempo
Disseste-me que o dia seria perdido
Que as vagens cairiam em vão
ouviria-se o som do tocar do grilo
canções noturnas em solidão.
Mas quem comanda o dia não é o sol?
que com a luz arremata todo o tempo
se na noite não há notas em dó
toque-me ao menos em teu pensamento.
Se Mnha'lma foste até a lua
e lá acendesse uma vela colorida
iluminaria completamente a rua
tons de amor, felicidade e vida.
Mas se a dor cavar em teu peito
um buraco de imensa fundura
não lamentas e esperas em teu seio
pelo amor que te traz a cura.
E vejas como o tempo é ávido
e transforma-te numa flor amarela
presa ao caule resistente e pálido
vivendo em ventos de quimera.
Óh branda luz que vem da noite
rogo-te o perdão e iluminas meu dia
não me deixas nesta escuridão, no açoite
sou cavaleiro forte, onde a coragem jazia.
Não permitas que frágil seja a súplica
deste ser que acompanha os céus
dias, noites, galáxias dúbias
chamas eloquentes, verdadeiro fogarel.
Eis que chegada a hora da partida
minha intenção é que nada esteja impune
digo-te: em minhas mãos está a vida
em teu corpo está o perfume.
Se minha escrita não for suficiente
cantarei às aves, as belas andorinhas
para que façam do ar um recipiente
antes que outono transforme numa erva daninha.