A estação do tempo

Disseste-me que o dia seria perdido

Que as vagens cairiam em vão

ouviria-se o som do tocar do grilo

canções noturnas em solidão.

Mas quem comanda o dia não é o sol?

que com a luz arremata todo o tempo

se na noite não há notas em dó

toque-me ao menos em teu pensamento.

Se Mnha'lma foste até a lua

e lá acendesse uma vela colorida

iluminaria completamente a rua

tons de amor, felicidade e vida.

Mas se a dor cavar em teu peito

um buraco de imensa fundura

não lamentas e esperas em teu seio

pelo amor que te traz a cura.

E vejas como o tempo é ávido

e transforma-te numa flor amarela

presa ao caule resistente e pálido

vivendo em ventos de quimera.

Óh branda luz que vem da noite

rogo-te o perdão e iluminas meu dia

não me deixas nesta escuridão, no açoite

sou cavaleiro forte, onde a coragem jazia.

Não permitas que frágil seja a súplica

deste ser que acompanha os céus

dias, noites, galáxias dúbias

chamas eloquentes, verdadeiro fogarel.

Eis que chegada a hora da partida

minha intenção é que nada esteja impune

digo-te: em minhas mãos está a vida

em teu corpo está o perfume.

Se minha escrita não for suficiente

cantarei às aves, as belas andorinhas

para que façam do ar um recipiente

antes que outono transforme numa erva daninha.

Mário Pires
Enviado por Mário Pires em 06/06/2010
Código do texto: T2303927
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