Os lírios

As gotas soltas, nas tramas de um travesseiro...
O vento não ouve, à direção primeira... Arrasto-me em caídas memórias. As pernas, metades... Nada inteira.
Sou frasco fresco labutado pelo medo... Falho ao contornar as marcas que deixo escancaradas pela face...
Vasculho o sorriso mais doce... Aprofundo-me no amor que direciono...
Corro e não chego.
Olhai os lírios, nas tramas de um desenho... Imagem que guardas... Um fio de prata.
Algumas mechas, em delicados ombros... Alguns planos... Panos que teço em luzes... Sufoco.
Roubam-me algumas gotas... O evaporar, quando há posse... Quando perdidas as forças... Quando a garganta se cala.
Aquelas que caem pela face... Agrupam-se em lago... Oceano.
Enquanto arrastam-se os dias... A alma, em fina flor, mantém-se virgem... Intacta arte. O corpo em lama... Morte.
Olhai os lírios... Ainda cativos em folha branca.

13:55