É tudo Inútil

Parecia uma imensa moeda prateada

Mesmo imóvel deslizava sua plácida face

Entre esses apressados negros véus.

Porque emolduram as estrelas esse quadro?

Nem era dela a luz com a qual hipnotizava

E tornava a noite mais amena

Como eu de você, ela também precisava do sol

Para se sentir mais importante do que era.

Também não era culpa dela, mero figurante no cenário.

Assim como o orvalho que inutilmente nutre os campos.

Pra que flores, pra que nascer mais vida?

Nada nasce, nada brota, nada cresce.

Não permito que flor alguma desabroche,

Os pássaros? Eu os calo, não quero ouvir cantos.

Nem vento, nem chuva, nem sol, nem cores, nem luz.

Não quero saber de sombra e nem de água fresca.

Para onde quer que eu olhe me firo.

Tudo que me lembre algo de bom me serve de martírio,

Odeio ver impresso, meu rosto nesse lago de água cristalina e refrescante

Do que me adiantaria tudo isso se hoje ela não ligou o telefone?