TELA
Eu tenho receio do outro. Do duplo.
Aquele do espelho.
Do distúrbio do real e do irreal tacanho.
Por isso falo de belezas que não tenho.
Por isso falo de belezas que não vejo.
Limo as feiúras todas.
Todas as feiúras eu limo:
As idiotias, os sobejos, a burrice, a beleza de casca...
E não digo do real porque é indizível,
o meu real é impronunciável.
Porque não contém teorias buscadas.
Surgiram como um balançar de pincéis frente à tela,
pingos chuviscados que escorreram pelas bordas
e hoje pingam...