TELA

Eu tenho receio do outro. Do duplo.

Aquele do espelho.

Do distúrbio do real e do irreal tacanho.

Por isso falo de belezas que não tenho.

Por isso falo de belezas que não vejo.

Limo as feiúras todas.

Todas as feiúras eu limo:

As idiotias, os sobejos, a burrice, a beleza de casca...

E não digo do real porque é indizível,

o meu real é impronunciável.

Porque não contém teorias buscadas.

Surgiram como um balançar de pincéis frente à tela,

pingos chuviscados que escorreram pelas bordas

e hoje pingam...

Gladys
Enviado por Gladys em 10/06/2010
Reeditado em 11/06/2010
Código do texto: T2312130
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