embate

não vim aqui salvar ninguém

me salvar já seria uma façanha, tamanha

tenho raízes aéreas

e demônios que dormem comigo

faço não deixá-los à solta

sei do estrago que fazem

como porcos e latifundiários, chafurdam

o lamaçal do mundo é pequeno

são a escória sem rima

travestidos de anjo

é que eles como eu

estão confusos, à deriva

só lhes restou da existência

uma espessa camada, de mesquinhez

não têm mais o mar

não sobrou-lhes ar

só a loucura de se saberem vivos

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 14/06/2010
Reeditado em 11/07/2011
Código do texto: T2319743