A SEDE DO RIO

O rio imenso chora sua sede

O sol escaldante bebeu suas águas

E as pedras brotaram

Em sua extensão...

Nos bancos de areia

Sentam-se as aves,

Pra pescar seus peixes e matar sua fome...

Que pena do homem,

Que vive do rio!

Nas águas escuras

Mil barcos navegam,

Bongôs e canoas

E balsas gigantes.

Motores potentes, frágeis rabetinhas

Crianças e velhos neste vai e vem

Que pena de quem,

Depende do rio!

Lá se foi novembro

E dezembro também...

Cruzou o janeiro,

Tão seco e tão quente.

Fins de fevereiro e o céu abre as portas,

E chora seu choro

Inundando a floresta.

O sorriso se abre no rosto do índio

E da gente sofrida que espera paciente,

A seiva da vida,

Nas chuvas de março.

São Gabriel da Cachoeira - Amazonas, março de 2010.