Há...

Há um céu azul, além do azul
Nos lúbricos caminhos da ventura
Algures, nas alturas do eu perdido
Do espanto e do não-ser...
Há zunidos estranhos e sem sentido
Nos bosques quietos, recônditos
Onde liberdade não é uma palavra
E nada pode ser chamado de loucura
Lá, onde o amado planta sonhos
Que florescerão no tempo certo

Há um mar profundo, além do mar
No desatino das viagens cegas
Ao largo dos pesados continentes
Em pacíficas e ensolaradas ilhas
De pureza e de segredos
Há falésias afagadas pelas ondas
E murmúrios desse mar
Nas entranhas dos rochedos
Onde o que se guarda é poesia
Na mais pura das misturas

Há um precipício, um largo precipício
Na ebulição do desespero criador
E nesse centro tudo brilha e tudo morre



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